Alexandre Antunes
Trópico de Câncer
De 4 a 24 de setembro de 2008
Minha proposta de intervenção para o espaço IDEA da FURG , está diretamente ligada a uma noção íntima do que seria esta linha imaginária traçada pelo Trópico de Câncer. Gostaria de deixar claro que não tenho nenhuma pretensão científica neste projeto, apesar de ter pesquisado a respeito. Aqui me detenho mais na imaginação intuída pela linguagem que desenvolvo no campo das idéias - não sendo entretanto despojada de um espírito científico. Com isso constato que a fronteira entre arte x ciência, está cada vez mais diluída dentro do meu processo de trabalho na migração do conhecimento.
O Trópico de Câncer é o paralelo situado ao norte do equador terrestre delimitando a zona tropical norte. Corresponde à declinação mais setentrional da elíptica solar para o equador celeste. É uma linha geográfica imaginária que passa acima do Equador e que indica a latitude 23,4° Norte ( 23º 26’ de latitude norte). Atravessa 3 continentes e 17 países. Portanto esta linha não passaria pelo Brasil, o que me estimulou a produzir esta possibilidade poética.
Ao tomar conhecimento de um tratado sobre a geometria no globo terrestre, notei que alguns dos elementos que constituem esta exposição estavam diretamente ligados a este estudo. A terra é redonda, mas não é uma esfera perfeita uma vez que é achatada nos pólos. A terra na verdade é um elipsóide. Para fins didáticos tomamos sua forma como sendo a de um globo . Sua superfície como uma esfera. O globo terrestre.
Algumas imagens do espaço IDEA e do seu entorno foram acessadas através do site Google Earth... O que colaborou com minha investigação .
O GPS como um Sistema de Posicionamento Global, inferiu diretamente na minha apreensão para determinar aquilo que deverei apresentar.
O que pretendo é me situar globalmente dentro de um sistema propiciado pela Universidade ao ocupar este local no Campus. O espaço expositivo (IDEA) sendo o núcleo de uma síntese instaurada pela razão e pelos sentidos , equivalendo-se a um sistema epistemológico de conduta adquirido pela experiência como artista e pensador, onde articulo o tempo em conexões rápidas e metódicas de concentrada reflexão.
Alexandre Antunes
agosto / 2008
Até agora, para mim, está ressoando a frase de Alexandre Antunes: "Meu pensamento não é linear". Por que o meu pensamento também não é linear. Definitivamente, não o é. Acho que o trabalho de Antunes pode reviver grandes expectativas e imagens geniais do cotidiano - se tornam geniais por que só podem ser enxergadas de maneira sensível (ou seja, são mais do que vistas). Quando Antunes fotograga pessoas da tela da TV, me remete a um voyeurismo típico da Arte - Marcel Proust dormia até as 6 da tarde, quando fazia a refeição única (taça de café com leite e duas baguetes com manteiga) antes de ir dar uma olhada na janela e espiar o mundo. Depois escrevia. E escrevia. E escrevia até ir dormir. Acho eu que até o Buda iluminado, assim como o pirulito que parece um globo ocular, são provas dessa apreciação do mundo. Como a gelatina e os fungos nos polos são o continente africano nos anos 80 - mais uma prova da minha incapacidade de pensar de forma linear. Gostaria também de dividir meu mais recente fascínio: O livro de Arthur C. Danto "O fim da Arte e o limite da História". Tem tudo a ver com o que está escrito, com essa incontinuidade do pensamento e com essa busca de novas linguagens, já que o renascentismo morreu e o modernismo evoluiu para a contemporaniedade. Era isso, ou mais ou menos isso. Bom trabalho, boa sorte e boa arte para todos nós.
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